quinta-feira, 6 de junho de 2013

Rodrigo Bissoni Oliveira - Depoimento - Meus primeiros contatos com a leitura e a escrita


Me recordo que já na infância fui seduzido pela leitura intrigado pelos escritos nos balãozinhos, ou nas linhas, das páginas dos livros e gibis. Precisava descobrir o que estavam falando, o que estava escrito. Curiosamente não me seduzia muito as imagens, e sim as muitas palavras que eu precisava (sem saber, lógicamente, naquele momento o termo) decodificar. Nem sempre minha mamãe ou irmãs podiam ler pra mim, então elas me alfabetizaram precocemente ensinando o alfabeto e as vogais, observando o som de cada uma delas... aquele famoso processo de reconhecimento da forma e som das letras. Dispunha de muito tempo, então com muitas revistas, jornais e gibis fui recortando e tentando formar palavras e decorando os sons das letras... foi um processo agradável que até hoje tenho boas lembranças ao me recordar com uma tesoura nas mãos recortando e colando letras para formar as palavras de manchetes de jornais. 

Pulando anos de cartinhas pra namoradas, artigos de opinião nas aulas de EM, resenhas críticas sobre minhas impressões de livros que me encantaram chegamos no curso de Letras, onde realmente desenvolvi recursos estilísticos em diversos gêneros. Acredito que a escrita é um processo interminável, nunca estaremos "prontos". Bem, talvez recebendo o prêmio Nobel de Literatura já posso dizer que estou ao menos bem experiente na escrita, mas enquanto o sonho não chega vou aqui desenvolve meus "escritinhos" que não tem perigo de assustar ninguém, só pra citar Raul Seixas. 

Ainda sobre leituras, no ciclo I escolar a coisa tomou forma e me tornei um “devorador” de livros. No EM, já adolescente, e com espírito de punk rock inquieto e provocador lembro de ter elaborado vários fanzines xerocados apresentando idéias políticas de esquerda e marxistas que me encantaram naquele momento (fui da geração cara pintada que participou da passeata do impeachment do então presidente Fernando Collor). Mesmo tudo sendo ainda meio confuso (pela falta de vivência e baixa idade, uns 16, 17 anos), fui movido pelo entusiasmo geral, mas sabia que estava fazendo a coisa certa, pois tinha o apoio dos meus pais.

Depois descobri a Filosofia, aí o amor aos livros e a leitura se agigantou em mim. Li inúmeros clássicos da literatura universal. Lembro que de uns 17 até os 30 anos fazia leituras de maneira periódica, lia os autores de determinados períodos literários, todos os livros considerados clássicos desses autores, e buscava observar nessas obras os conceitos e características dos períodos. Anotava minhas impressões e buscava fazer associações em quadros de artistas da mesma época e também em filmes. Nossa, era algo maravilhoso que muito me contribuiu pra entender os fatos do mundo. Na época dos 20 e poucos fiquei apaixonado pelo Romantismo, virei gótico, namorava no cemitério. Vinho, bandas de rock com som e temática “obscura” e muita melancolia na maneira de enxergar o mundo... Enfim, são fases de vivências e atitudes que considero totalmente influenciado por literatura. Hoje, depois de homem adulto e consciente da vida, essas experiências podem soar juvenis e até imaturas, mas foram fundamentais para o desenvolvimento da minha personalidade e formação humana, graças a Deus!    

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